13/11/17
Priorizar a criatividade como impulsionadora do desenvolvimento sustentável, da inclusão social e da cultura. Assim o governador Rodrigo Rollemberg aproveitará o reconhecimento de Brasília, por parte da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), como cidade criativa do design.
Com a classificação, anunciada em 31 de outubro, a capital brasileira integra a Rede de Cidades Criativas da Unesco, que inclui 180 municípios de 72 países, como Buenos Aires, na Argentina, e Xangai, na China. Brasília passa a ter acesso a um intercâmbio de projetos com os outros centros urbanos da área de design.
O reconhecimento vem no mesmo ano em que o Plano Piloto de Brasília completa 30 anos como Patrimônio Cultural da Humanidade, e o objetivo é mostrar a vocação da capital da República, projetada e nascida do design.
O que é a Rede de Cidades Criativas, da Unesco – Criada pela Unesco em 2004, a Rede de Cidades Criativas tem como objetivo desenvolver cooperação internacional entre aquelas que enxergam a criatividade como fator estratégico para o desenvolvimento urbano sustentável, a inclusão social e o aumento da influência da cultura no mundo. Novas candidaturas são abertas a cada dois anos.
A entrada de Brasília na rede foi festejada em artigo do governador publicado no site da União de Cidades Capitais Ibero-americanas. Veja a íntegra do texto:
“Ícone da arquitetura moderna, Brasília conecta-se com design e arte desde a sua inauguração, abrigando múltiplas experiências. Essa trajetória nos animou a lançar a candidatura de Brasília à Rede de Cidades Criativas, da Unesco, na categoria design, e desejar interagir com o seleto grupo de 180 cidades de 72 países.
A honraria foi concedida a Brasília no ano em que celebramos três décadas como Patrimônio Cultural da Humanidade. Vamos aproveitar esse novo reconhecimento da Unesco para implementar o compromisso de priorizar a criatividade como fator impulsionador do desenvolvimento sustentável, da inclusão social e da cultura. Objetivos que dialogam com a Agenda para o Desenvolvimento Sustentável 2030 e a Nova Agenda Urbana.
Integrar a Rede de Cidade Criativas permitirá olhar para os desafios da preservação deste Patrimônio Cultural da Humanidade de modo a ampliar a inclusão e a sustentabilidade por meio do incentivo ainda maior ao desenvolvimento da economia criativa do setor de design.
Brasília tem história no design. Nasceu rompendo com os padrões arquitetônicos da época e ganhou notoriedade com as curvas, o concreto, os grandes espaços vazios das obras do arquiteto Oscar Niemeyer. O projeto urbanístico de Lucio Costa foi consagrado patrimônio cultural da humanidade pela própria Unesco, título inédito para uma cidade tão jovem.
À arquitetura monumental e ao traçado urbanístico agregam-se variadas criações que dão identidade a Brasília, a exemplo das superquadras do Plano Piloto, das tesourinhas nas vias de acesso às residências e aos comércios, das placas de sinalização urbana, dos cobogós que arejam e iluminam prédios residenciais enquanto produzem efeitos curiosos de luz e sombra, dos painéis do artista plástico Athos Bulcão.
O artista até hoje instiga visitantes que, propositalmente, querem conhecer seu trabalho — popularizado em azulejos — ou transeuntes que se deparam com sua obra espalhada por fachadas ou interiores de prédios.
Quem passa pelo Eixo Monumental a pé, de bicicleta ou em um veículo avista uma das suas principais contribuições numa lateral inteira do Teatro Nacional. Outros tantos espaços públicos – a Igrejinha, a Câmara dos Deputados, o Palácio do Planalto, o Itamaraty, a Universidade de Brasília — tiveram o privilégio de contar com alguma intervenção de Athos.
Igualmente integradas à paisagem urbana, as placas de sinalização de Brasília são criação genuinamente candanga, assinado pelo arquiteto Danilo Barbosa, funcionário do governo de Brasília que usou linguagem minimalista e conceitos para cores e sentido das setas, de rápida compreensão por pedestres e motoristas.
Enche-nos de orgulho ver uma réplica deste conjunto compor o acervo do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMa).
Brasília é fruto da inspiração de grandes homens, mas também é fonte de inspiração a designers independentes e coletivos de criadores que se apropriam de elementos simbólicos da paisagem urbana brasiliense para produzir novos objetos e múltiplas linguagens. Estão ganhando mercado com móveis, joias, souvenirs, moda, filmes, músicas.
Em quatro anos, a partir dessa chancela da Unesco, o governo de Brasília investirá recursos e criará políticas públicas específicas para impulsionar ainda mais tais iniciativas promissoras e toda a cadeia de economia criativa do design.
Os investimentos impactarão a qualidade de vida da população, que se relaciona de forma diferenciada com a cidade e está ávida por novas experiências. Deixou de ser algo puramente contemplativo.
As pessoas apropriam-se de espaços públicos e os transformam em destino de lazer e prática de esportes. O Setor Comercial Sul (SCS), por exemplo, sempre foi referência, principalmente como centro econômico da cidade. Com a revitalização em curso, o SCS é vivenciado também como ponto de cultura.
Entretanto, a experiência mais revolucionária na forma de o cidadão interagir com cidade é a ocupação pública da orla do Lago Paranoá. Demos passos decisivos, retomando áreas públicas indevidamente ocupadas às margens do lago e instalando infraestrutura inicial, como o Parque dos Pioneiros Claudio Sant’Anna e ciclovias no Lago Sul.
Já começaram as obras em outra área, conhecida por Praia Norte e, em breve, lançaremos concurso internacional para seleção de propostas de intervenções inovadoras, com transformações urbanas e sociais, ao longo de 38 km de orla.
De novo, recorremos a concurso público, instrumento consagrado na escolha do projeto urbanístico do Lucio Costa e empregado também neste governo para execução de várias outras políticas públicas. Essa ferramenta de governança se aglutina às constantes consultas públicas para incorporar a voz da população ao desenho dos projetos urbanos.
Exemplo de construção participativa de uma política pública na cidade, o Plano de Turismo Criativo é produto de 12 oficinas, dois seminários e sete encontros, para reposicionar Brasília como polo de turismo sustentável. Compartilhe essa ideia!”