11/05/16
Neste sábado, 7 de maio, rolou a primeira Caminhada da Joaninha promovida pelo coletivo Movimente e Ocupe seu Bairro (MOB). O nome é uma versão mais carinhosa, voltada para crianças, de um movimento que acontece no mundo inteiro intitulado Jane’s Walk. Em um belo dia de sol, saímos juntos com as crianças e seus respectivos pais para apreciar e desbravar a cidade, promovendo a interação entre a comunidade através de uma conversa descontraída sobre os espaços públicos.
O primeiro Jane’s Walk foi realizado em 2007, em Toronto, em homenagem à grande jornalista e ativista Jane Jacobs. Sua defesa sempre foi de que os pedestres são os olhos da rua e que por isso, devemos valorizá-los e integrá-los da melhor forma ao desenho das cidades. Com o objetivo de atentar a todos a respeito das condições para o pedestre na cidade, surgiu a Jane’s Walk, uma série de caminhadas que incentivam a maior proximidade de cidadãos com a cidade e com a comunidade em que habitam.
Maio de 2016 seria quando Jane Jacobs faria 100 anos, por isso esse mês é eleito o mês das Jane’s Walk. A estimativa é de que as caminhadas já tenham sido realizadas em mais de 100 cidades e 25 países. Feita normalmente com adultos, as caminhadas fazem com que seja possível absorver o ambiente em que se vive não somente a partir de uma percepção individual, mas também através de uma observação compartilhada. Como a proposta tem tudo a ver com movimentar e ocupar o bairro, o MOB trouxe a ideia para Brasília mas com um temperinho especial na receita: crianças.
Essa fofa categoria de cidadãos, tem um olhar muito apurado e livre de preconceitos, além de serem o futuro das nossas cidades. Nada melhor do que incluí-los e envolvê-los nessa reflexão sobre o ambiente em que se vive, buscando a formação de cidadãos mais conscientes de seu papel enquanto coletividade. De quebra, eles sempre acabam arrastando seus pais que aprendem junto também e enriquecem a experiência.
A Caminhada da Joaninha aconteceu na SQS 210, onde fizemos um tour pela quadra. Foram definidos 5 pontos de parada. Em cada um deles uma atividade especialmente desenvolvida foi proposta. Teve aquecimento especial promovido por psicólogas, venda nos olhos para escutar e sentir a cidade, brincadeira no parquinho abandonado, gincana para aprender a separar o lixo de casa, curativos urbanos para cuidar dos machucados da cidade, e muito desenho e pintura. No final, as crianças receberam a medalha de guardião da cidade, fazendo o juramento de cuidar e zelar pelo espaço público.
Ao longo das conversas, o estímulo não era o olhar da crítica mas o da solução. Tentar mostrar que a rua é de todos e, por isso, responsabilidade de todos. Quando nós cuidamos também, e não só elegemos a atividade para o governo ou uma empresa, nós ajudamos a criar e melhorar cada vez mais a cidade onde vivemos. Com isso, passamos a entender o valor da coletividade e de como nossas ações têm um impacto não só em nossas vidas, mas também nas vidas daqueles que dividem a cidade conosco.
O estado de conservação de um espaço público é apenas um reflexo de como o enxergamos. Se passarmos a desenvolver diariamente um olhar mais atento e cuidadoso para com a cidade, descobriremos quantas coisas boas poderíamos estar desfrutando e o quanto podemos contribuir para que esse desejo coletivo seja real.
Que tal praticarmos Jane’s Walk e Caminhada da Joaninha todos os dias?
Fonte: MOB