15/02/16
Caminhar, muitas vezes, é uma escolha dupla. Ao mesmo tempo em que é feita a opção por um modo de deslocamento, são escolhidos também caminhos. Trajetos que serão percorridos, passo após passo, em direção a um destino. E a escolha dessas rotas, como a própria escolha pela caminhada, não é feita ao acaso.
Pensamos no horário, no tempo de deslocamento, na movimentação de pessoas e de veículos, nas condições das calçadas e travessias. O que nos leva a percorrer determinados caminhos quando escolhemos caminhar vai além de uma calçada ampla e regular. Os atributos encontrados nos bairros e regiões que consideramos caminháveis atraem as pessoas e estimulam a mobilidade ativa.
Mais do que a infraestrutura, o que determina a caminhabilidade é a experiência ao caminhar. Bairros caminháveis precisam ser agradáveis, despertar a percepção de segurança e oferecer destinos onde as pessoas queiram estar.
Enxergar o interior dos estabelecimentos, por mais simples que pareça, é determinante para a experiência dos pedestres. Fachadas que refletem a rua e não oferecem aos transeuntes uma visão do que acontece no interior reduzem a chance de as pessoas sentirem vontade de entrar , ao mesmo tempo, diminuem a segregação entre o ambiente interno e o externo . Um bairro agradável também oferece opções de lazer e entretenimento. Ver pessoas, circulando ou sentadas nas calçadas em frente a restaurantes e cafés, torna os lugares convidativos e espalha vida pelas ruas. É o que estudiosos do tema chamam de “propulsão dos pedestres”.
Prédios menores e arborização também contribuem para atrair as pessoas. Em Toronto, pesquisadores descobriram que dez ou mais árvores em uma quadra trazem benefícios à saúde equivalentes a ser sete anos mais jovem ou a ganhar dez mil dólares por ano. Além disso, também ajudam a amenizar o calor e a reduzir a poluição.
A vida urbana se dá a partir da circulação de pessoas – e as pessoas vão aonde sentem prazer de estar. Opções de comércio, serviços, lazer e alimentação são fatores vitais e que despertam a vontade de caminhar. Em conjunto, o uso misto e as fachadas ativas movimentam a economia e tornam os bairros mais vivos e atrativos.
Por fim, para ser caminhável, um bairro precisa fazer com que os pedestres se sintam seguros. Tanto em termos de riscos de acidentes quanto de violência urbana – quanto mais pessoas na rua, mais seguras elas se tornam. O desenho urbano, aqui, também é fundamental, uma vez que, para estar na rua, são necessárias condições de deslocamento e segurança. A mera existência de uma calçada não é o bastante: o desenho urbano precisa ser feito de forma a desacelerar os carros e priorizar o deslocamento dos pedestres.
Fonte: The City Fix Brasil