15/12/15
Pioneiro na história da cidade (me arrisco a dizer do país) realizamos – Comissão Técnica de Mobilidade a Pé e Acessibilidade da ANTP- na semana passada um seminário única e exclusivamente para discutir e refletir sobre o caminhar nas cidades, o Seminário Internacional Cidades a Pé.
Tema ainda negligenciado e deslocado na discussões de macro planejamento dos países mostrou que veio para entrar na agendas em todas as esferas, tendo como importante sinal disso este evento de realização da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) com patrocínio do Banco Mundial.
Porém, evidenciado nestes dias, o caminhar nas cidades é um tema extremamente transversal e complexo e ao discuti-lo estamos na verdade discutindo a nossa existência.
Porque decidimos ou não caminhar cada dia quando nos levantamos e temos que ir a algum lugar? É pelo tempo? Pela distância? Pela disposição? Pela pressa? Pelo status? Pelo conforto? Pela insegurança? Pelo prazer? Pelo hábito? Pela paisagem e vistas? Pelas construções? Pelas pessoas que vamos encontrar? Pelo clima? Pelo presente? Pela infra-estrutura? Pelo humor? Pela companhia? Pelos cheiros? Pela eficiência? Pela saúde? Pela lógica? É racional?
Esta simples pergunta de repente nos faz refletir sobre – quase – TUDO. E nos remete a importância do caminhar para a evolução do homem como um animal bípede livre para criar com as mãos e raciocinar, o caminhar para chegar a novos lugares, conhecer novos povos e recomeçar, a criação das cidades para vivermos a distâncias mais curtas (caminháveis) e com maior diversidade, o caminhar como atividade física e saudável, o caminhar como momento de reflexão e exploração do nosso interior, o caminhar como viagem física e psicológica, o caminhar como liberdade, o caminhar como atividade integradora, o caminhar como transporte eficiente, o tempo que nos permitimos para caminhar dentro do ritmo das nossas vidas, o caminhar nos proporcionando a nossa relação com o espaço, com o mundo e com o próximo.
Não foi a toa que no seminário contamos com a presença desde ex-ministros de transporte à super heróis, de médicos a artistas, de colombianos a finlandeses, discutindo e convivendo em perfeita harmonia e simpatia.
E que realmente fica para mim após estes intensos e incríveis 4 dias de seminário é que as decisões do técnicos de trânsito precisam de mais filosofia e poesia, o ativismo precisa de mais cáculos e dados, a academia precisa de mais cores e ação, as empresas precisam de mais calma e imaginação, precisamos cada vez mais nos misturar entre todos os setores e pessoas, nos conhecer, nos inspirar, conversar, harmonizar para conseguirmos caminhar juntos em direção ao nosso objetivo comum: VIVER BEM.
Para ver as apresentações dos palestrantes, acesse a biblioteca da ANTP. Para ver vídeos do seminário, acesse o canal Mova-se no Youtube.
Fonte: Mobilize Brasil