08/12/15
Parte do crescimento se explica por invasões e pela ação de grileiros
Em menos de 60 anos, Brasília transformou-se mais que qualquer outra cidade brasileira. De pó vermelho e cerrado, a jovem capital tornou-se uma das mais importantes metrópoles do país, com taxas de urbanização acima da média nacional. Os seus contornos vão, aos poucos, contando a história. A mancha urbana desenhada ao longo de décadas cresce em ritmo acelerado e reflete a força da ocupação humana, mais veloz do que o planejamento; mais certeira que políticas públicas de habitação. Da construção aos dias atuais, o território ocupado expandiu em 15 vezes — nenhuma cidade brasileira cresceu em tamanha proporção no mesmo período. De 1990 a 2000, o adensamento populacional duplica devido às invasões habitacionais e à intensificação das ações do Estado criando cidades inteiras, como Samambaia, Recanto das Emas e São Sebastião.
Embora se posicionasse contra a metropolização da capital da República, o urbanista responsável pelo projeto da nova capital, Lucio Costa, previu que o Plano Piloto seria pequeno para Brasília e que, após o esgotamento do modelo central, o desenvolvimento urbano se daria por cidades-satélites. Mas as satélites anteciparam a proposta original. Algumas, como Taguatinga e Gama, surgiram antes e se transformaram em “cidades normais do interior do Brasil, que têm de tudo e se vive de forma bem brasileira”, como resumiu o próprio Lucio Costa. O planejamento deu lugar ao jeitinho brasileiro. “O projeto de Lucio Costa não previa a conurbação. As cidades-satélites eram uma maneira de preservar o Plano Piloto intacto. O problema é que a expansão foi se dando de forma descosturada”, afirma Benny Schvarsberg, professor de urbanismo e planejamento urbano da Universidade de Brasília (UnB).
“Vemos uma expansão da mancha urbana do DF a partir da década de 1990, não porque o Plano Piloto tenha se esgotado em área. Até hoje temos áreas livres. Mas, sim, porque se esgota o espaço para venda no Plano Piloto. Ou o terreno é do estado ou pertence a alguém individual”, define Rafael Sanzio, professor da UnB e coordenador do Centro de Cartografia Aplicada e Informação Geográfica (CIGA), centro responsável pelo estudo da evolução da mancha urbana. “Nasce a especulação, e as pessoas não conseguem mais morar na região central, aí a mancha expande de uma forma descontrolada.”
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Fonte: Correio Braziliense