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Mobilidade urbana é tema de simpósio promovido pelo MPDFT

12/06/15

MPDFT-SimposioParticipantes destacam consequências do sistema atual de transporte

Começou nessa quarta-feira, 10/6, e vai até sexta-feira, 12/6, o simpósio A Concepção Modernista de Brasília e a Perspectiva da Mobilidade Urbana, promovido pela Promotoria de Justiça de Defesa da Ordem Urbanística (Prourb). O evento busca contribuir com o debate sobre a elaboração, a implementação e a fiscalização da política de mobilidade urbana no DF. A vice-procuradora-geral de Justiça, Selma Sauerbronn, ressaltou a urgência e a relevância do tema. “Espero que a gente saia com algumas proposições que venham a melhorar a vida de todos. Mobilidade também é questão de saúde, cultura e educação”, completou.

A primeira palestra, Mobilidade e Saúde, foi ministrada pelo médico e professor da Universidade de São Paulo (USP) Paulo Saldiva, que enxerga as cidades como um ecossistema humano, onde vivem habitantes que não têm um sistema de proteção. Para ele, a cidade é importante, pois é onde nasce a história da civilização, entretanto também é um fator de adoecimento. “Estamos mais perto de resolver os problemas de saúde do que os de mobilidade”, comentou. Para o médico, Brasília foi criada com a crença de que o transporte individual daria certo e a ciência resolveria todos os problemas atuais.

“Cada vez mais perdemos tempo nos corredores de tráfego, o que aumenta as chances de câncer de pulmão, infarto do miocárdio e morte precoce por problema respiratório ao nascer. A poluição do ar pode trazer todos os problemas que fumar traz, com a diferença que o cigarro é uma questão de escolha, e a poluição é inescapável”, disse. Além disso, o médico lembrou dos problemas ocasionados pela poluição sonora e o sedentarismo, consequências do sistema atual de transporte.

Para o palestrante, a solução da mobilidade urbana não será consensual. Sempre haverá grupos que se sentirão afetados, pois há interesses, fatores culturais e econômicos. “Existe um boicote deliberado ao transporte coletivo. O indivíduo tem que querer mudar de transporte porque é melhor, mais rápido, mais barato. Brasília tem que dar o exemplo para o resto do país, ela tem um valor simbólico por ser a capital do Brasil”, opinou. “Qualidade de vida deveria ser o elemento integrador de todas as políticas urbanas. Esse é um desafio para a saúde e para a mobilidade. Acredito que a Justiça vai ter um papel importante nesse trabalho”, finalizou.

Mateus Lima é formado em economia e teve como tema de trabalho de conclusão de curso a mobilidade urbana, por isso se interessou pelo simpósio. Ele faz parte de movimentos ligados a bicicleta e pretende fazer mestrado na área. “Essa primeira palestra foi muito esclarecedora. Achei legal que o palestrante deu um aspecto geral com enfoque na saúde. Ele abordou algumas coisas que no fundo já sabemos, mas como é uma pessoa da área falando você entende o porquê”.

Periferização, uso de trilhos e perspectivas – A primeira manhã do simpósio foi aberta com a palestra A Capital Modernista, sua Metrópole e a Mobilidade Urbana, proferida pelo geógrafo Aldo Paviani, diretor de Estudos Urbanos e Ambientais da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan). O pesquisador apresentou dados sobre a mobilidade no Distrito Federal e na periferia metropolitana. O Plano Piloto tem 8% da população e concentra 43% dos postos de trabalho. A periferia metropolitana, por outro lado, oferece 55% das oportunidades de trabalho. Essa concentração tem impactos diretos nas necessidades de deslocamento da população. “O grande erro da periferização foi, em 1957, transferir os operários para Taguatinga sem oferecer oportunidades de trabalho”, afirmou.

O secretário de Mobilidade do DF, Carlos Henrique Tomé, apresentou o panorama atual e as perspectivas da mobilidade urbana em Brasília. “Não há solução para o problema da mobilidade que aposte no transporte individual”, defendeu. Segundo Tomé, há desafios financeiros, operacionais e institucionais para a melhoria do transporte coletivo no DF, mas algumas soluções podem ser alcançadas no curto prazo. “Muitas necessidades podem ser atendidas com soluções criativas, sem necessidade de dispender mais recursos”, acredita.

Para Marcelo Dourado, diretor-presidente do Metrô-DF, o Brasil está na contramão da história da mobilidade. “Em países mais desenvolvidos, a opção preferencial é o modal ferroviário”, comentou. “O metrô é capaz de levar 1.400 pessoas de uma só vez. Um ônibus não leva mais que 60. Está claro que não há solução para a mobilidade urbana no Brasil sem o uso de trilhos”. Entre os projetos da companhia, estão o lançamento de editais para a expansão e a modernização do metrô, além de ligações com cidades de Goiás por meio de trens semiurbanos e da implantação de veículos leves sobre trilho (VLTs).

Fonte: MPDFT

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